Recordar é viver!

Ex-aluna do curso Bacharelado em Terapia Ocupacional, Deise Suzano se formou em 2015 e atualmente iniciou o 2º ano do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva - IESC/UFRJ.

Vamos saber um pouco de como ter sido sua jornada profissional até aqui.

Deise, como foi a experiência de ter estudado no IFRJ Campus Realengo?

Costumo dizer que foi tenso e intenso.

Foi tenso, por que necessitei o tempo todo reunir forças para não desistir de concretizar um sonho que foi guardado por mais de duas décadas! Visto que, passei minha juventude muna sociedade pós ditadura onde a falta de oportunidade geravam desigualdades ainda maiores do que as que vivemos atualmente, digo isso, em razão ao desejo que sempre tive de estudar, da minha avidez por conhecimento, que a escassez de oportunidade e a desigualdade social corroboraram por adiar, mas não aniquilaram. Fato esse, que dei o meu melhor nos anos que estive no IFRJ e continuo dando o máximo de mim!

Estudar no IFRJ, também foi intenso, pois ao optar pela graduação em terapia ocupacional, num Campus que estima pela integração entre os três cursos (farmácia, fisioterapia e terapia ocupacional), pude interagir com colegas, graduandos e professores de outras áreas que agregaram saberes, solidificando e robustecendo ainda mais meu conhecimento em saúde, que extravasou, ultrapassou os muros institucionais, alcançando a comunidade, através das oportunidades que tive e aproveitei ao participar das atividades de pesquisa e extensão.

Tem algum professor em especial que te inspirou nesse processo e por quê?

Num processo tão complexo como esse, que é o de formar profissionais, ou melhor,cidadãos implicados e comprometidos com a sociedade, no qual o mérito pelo conquista do objetivo não compete a um profissional, ainda que ele seja muito bom, mas ao coletivo. Pois juntos, formam um corpo acadêmico de excelência!!! Seria injusto citar um nome, quando tantos se dedicaram e o produto do que sou hoje é soma dessa dedicação coletiva e multiprofissional.

Qual é o seu nível de satisfação na sua situação atual, no aspecto social?

Pessoalmente estou muito satisfeita e feliz com as conquistas que vieram a partir da graduação, no entanto, o que me deixa mais satisfeita é pode dizer que com a minha passagem pelo IFRJ, minha trajetória acadêmica, somado ao meu ingresso num programa de residência super disputado no país, fez um movimento de mudança na história da minha família: nascida numa família de nove irmãos, de pais negros, pobres e semi analfabetos (dos quais tenho muito orgulho da educação que me deram!), fui a primeira, na família, a ter formação superior! Todavia, essa história tem tomado novo rumo, e outros membros da família (irmãos e sobrinhos) tem buscado através do estudo, também contribuir para uma sociedade melhor, mais justa, mais igualitária.

Qual conceito você atribui ao curso de graduação que você concluiu?

Numa escala de 0 a 10, não posso atribuir nota menor que 10, a um curso que ao longo da formação, fez além do que era esperado. Formou mais que uma terapeuta ocupacional, pois aguçou em mim o orgulho de ser mulher, negra, um ser humano que luta por seus ideais, remando, na maioria das vezes, contra a correnteza do senso comum.

Você deixa algum conselho para os alunos do IFRJ?

Aproveitem! Sejam generosos e acolhedores com os colegas e profissionais dos vários campos de saberes. Não desperdicem o tempo, pois ele passa ligeiro. Não seja só mais um: seja você! Conhecimento não se guarda, não se acumula. Conhecimento é para ser compartilhado e para isso é preciso sair das "caixinhas" do saber: não sou eu, não é você, que transforma com seu saber uma dada realidade, mas NÓS, JUNTOS somando conhecimento e saberes na construção de uma nova sociedade!